terça-feira, 13 de novembro de 2018

AS VANTAGENS DA SOLIDÃO

Sozinha para sempre, nem pensar. Mas há que se valorizar as vantagens de se passar um tempo desacompanhada. A solidão não será um bicho de sete cabeças se você tiver bom humor e souber se divertir com o momento de entressafra.
Por exemplo, sozinha você não mente, não finge, não se faz de sonsa. Ninguém é mais autêntico do que um solitário. Não precisa fazer de conta que está gostando da conversa, não precisa inventar desculpas para ir embora, não precisa dizer que está tudo bem quando está tudo bem nada.
Sozinha você não comete gafes. Não esquece o nome da tia do seu marido, não confunde o sobrepeso da prima dele com gravidez, não pergunta pela mãe do melhor amigo dele. Não te contaram? Está presa por assalto a mão armada.
Sozinha você não dá vexame por ter bebido demais, você não ameaça tirar a roupa no final da festa, não se insinua para o namorado da filha dos outros. Sozinha você provavelmente ficou em casa no sábado e não termina a noite sendo o trending topic do twitter.
E não bate-boca, não faz fofoca, não fala alto demais, não provoca ninguém. Sozinha você é perfeita.
Já que um jantarzinho a dois está fora de cogitação, não julgará a maneira como seu amado maneja os talheres, o jeito que ele dança, quanto deixa de gorjeta, a miséria do seu vocabulário, aquela insistência dele em cortar o cabelo numa espelunca do centro. Quantas vezes a gente se arrepende por ter aberto a boca demais? Por ter se intrometido onde não devia? Sozinha, você é uma lady.
Sem relação estável com ninguém, você não cobra fidelidade, não reclama da bagunça, não faz perguntas repetitivas e indiscretas. E ao viajar só, longe das manias de um acompanhante, você não faz a louca diante de uma roubada, não inventa desculpas para fugir de uma indiada, não ameaça fazer as malas e voltar sozinha – já está sozinha mesmo.
Você praticamente fica sem o que contar para o padre no confessionário. Você não peca.
Acabou-se a fama de chegar sempre atrasada. Ou de ser pontual demais. Ou de furar encontros. Você não chega nem sai, você está fora do circuito.
Sozinha você economiza batom, lingerie, depilação, cabeleireiro, academia. Em compensação, gasta demais em croissants, biscoito recheado, bombons de licor. Quem é que vai se importar se você engordar dois ou três quilos?
Sozinha você é a maluca que dança no meio da sala, a demente que fala com as plantas, a artista que canta alto no chuveiro, a crente que faz pedidos para a primeira estrela que surge no céu. Você pede o quê, mesmo? Que essa solidão abençoada não seja vitalícia: que dure no máximo até o fim de novembro. Deus a livre de não ter em quem dar um beijo no Réveillon.

Zero Hora 17/11/2013

Curta Crônicas de Martha Medeiros
eu te amo, mas quero viver sozinha
eu não te amo, mas preciso dormir com alguém

eu te amo, mas sonho em ter outros homens
eu não te amo, mas quero ter um filho

eu te amo, mas não posso prometer nada
eu não te amo, mas prefiro jantar acompanhada

eu te amo, mas preciso fazer uma viagem
eu não te amo, mas me cobram uma companhia

eu te amo, mas não sei amar
eu não te amo, mas queria

Martha Medeiros, livro Poesia reunida
Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela “vende” de si mesma.
É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa “inventou” um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.
Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo. Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico. Ok, é natural que, numa aproximação, a gente “venda” mais nossas qualidades que defeitos.
Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme. Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições. Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.
Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia.
Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.
A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.

@MarthaMedeiros

domingo, 11 de dezembro de 2016

Lembranças mal lembradas

A maioria dos nossos tormentos não vem de fora, está alojada na nossa mente, cravada na nossa memória. Nossa sanidade (ou insanidade) se deve basicamente à maneira como nossas lembranças são assimiladas. "As pessoas procuram tratamento psicanalítico porque o modo como estão lembrando não as libera para esquecer". Frase do psicanalista Adam Phillips, publicada no livro "O flerte". Como é que não pensamos nisso antes? O que nos impede de ir em frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta no passado, estanca o tempo, não permite avanço. A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente. Aí, sim: lembrando como se deve, a ânsia por esquecimento poderá até ser dispensada, não precisaremos esquecer de mais nada. E, não precisando, vai ver até esqueceremos. Ah, se tudo fosse assim tão simples. De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tão obcecados, tristes, inquietos. São as tais lembranças mal lembradas. Você fez 5 anos, sonhava ganhar a primeira bicicleta, seu pai foi viajar e esqueceu. Uma amiga íntima, que conhecia todos os seus segredos, roubou seu namorado. Sua mãe é fria, distante, e percebe-se que ela prefere disparadamente sua irmã mais nova. E aquele amor? Quanta mágoa, quanta decepção, quanto tempo investido à toa, e você não esquece - passaram-se anos e você, droga, não esquece. Essas situações viram lembranças, e essas lembranças vão se infiltrando e ganhando forma, força e tamanho, e daqui a pouco nem sabemos mais se elas seguem condizentes com o fato ocorrido ou se evoluíram para algo completamente alheio à realidade. Nossa percepção nunca é 100% confiável. O menino de 5 anos superdimensionou uma ausência que foi emergencial, não proposital. Você nem gostava tanto assim daquele namorado que sua amiga surrupiou (aliás, eles estão casados até hoje, não foi um capricho dela). Sua mãe tratava as filhas de modo diferenciado porque cada filho é de um modo, cada um exige uma demanda de carinho e atenção diferente, o dia que você tiver filhos vai entender que isso não é desamor. E aquele cara perturba seu sono até hoje porque você segue idealizando o sujeito, recusa-se a acreditar que o amor vem e passa. Tudo parecia tão perfeito, ele era o tal príncipe do cavalo branco sem tirar nem pôr. Ajuste o foco: o coitado foi apenas o ser humano que cruzou sua vida quando você estava num momento de carência extrema. Libere-o desta fatura. São exemplos simplistas e inventados, não sou do ramo. Mas Adam Philips é, e me parece que ele tem razão. Nossas lembranças do passado precisam de eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria - pena que nada disso seja fácil. Costumamos lembrar com fúria, saudade, vergonha, lembramos com gosto pelo épico e pelo exagero. Sorte de quem lembra direito.

Perder a viagem

Você pede ao patrão para sair mais cedo do trabalho, pega um ônibus lotado, vai para um consultório médico que fica no centro da cidade, gasta seus trocados, seu tempo e seu humor, e, ao chegar, esbaforido e atrasado, descobre através da secretária que sua hora, na verdade, está marcada para semana que vem. Sinto muito, você perdeu a viagem.

Todo mundo já passou por uma situação assim, de estar no lugar errado e na hora errada por pura distração. Acontecendo só de vez em quando, tudo bem, vai pra conta dos vacilos comuns a qualquer mortal. O problema é quando você se sente perdendo a viagem todos os dias. Todinhos. É o caso daqueles que ainda não entenderam o que estão fazendo aqui.

Estão perdendo a viagem aqueles que não se comprometem com nada: nem com um ofício, nem com um relacionamento, nem com as próprias opiniões. Estão sempre flanando, flutuando, pousando em sentimento nenhum, brigando por idéia nenhuma, jamais se responsabilizando pelo que fazem, pois nada fazem. Respirar já lhes é tarefa árdua e suficiente. E os dias passam, e eles passam, e nada fica registrado, nada que valha a pena lembrar.

Estão perdendo a viagem aqueles que, em vez de tratarem de viver, ficam patrulhando a existência alheia, decretando o que é certo e errado para os outros, não tolerando formas de vida que não sejam padronizadas, gastando suas bocas com fofocas, seus olhos com voyeurismo, sem dedicar o mesmo empenho e tempo para si mesmo.

Estão perdendo a viagem aqueles preguiçosos que levam semanas até dar um telefonema, que levam meses até concluir a leitura de um livro, que levam anos até decidir procurar um amigo. Pessoas que acham tudo cansativo, que acreditam que tudo pode esperar, que todos lhe perdoarão a ausência e o descaso.

Estão perdendo a viagem aqueles que não sabem de onde vieram nem tentam descobrir. Que não sabem para onde ir e nem tentam encontrar um caminho. Aqueles para quem a televisão pode tranqüilamente substituir as emoções.

Estão perdendo a viagem aqueles que se entregam de mão beijada às garras do tédio.

domingo, 16 de outubro de 2016

A vida é mesmo imprevisível...
A minha psicóloga faz questão de pontuar que a vida é totalmente imprevisível e eu poderia passar por ela com mais leveza se pudesse diminuir o ritmo, o controle, a previsão e a expectativa. Foi uma grande descoberta! Eu achando que essas características são tão valorizadas nesse mundo moderno e dinâmico e eu precisei que meu corpo adoecesse para ver, na prática, que a vida é imprevisível.

Um exemplo: Meu transplante renal foi adiado para o dia 24 de outubro. Seria no último dia 10, mas para surpresa de todos  meu colesterol estava acima do limite permitido. A sensação do resultado foi de frustração e lágrimas.  São mais 15 dias de espera.  Sequei as lágrimas, coloquei um tênis e descobri o spinning, abracei a salada com peixe grelhado do papai,  usei o remédio indicado e agora acabo de pegar o resultado do exame. Atingi a meta, mas ainda tenho uma semana para melhorar. É uma pequena vitória e mais um passinho. Ainda tem pendências burocráticas a serem resolvidas, mas meu mantra é fazer o melhor possível e diminuir o ritmo, o controle e a previsão da vida. Faz bem, o resto vai dá certo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

“Há um motivo para dizer que eu seria mais feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que seria mais feliz sozinha. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém e depois acabasse, talvez eu não conseguisse sobreviver. É mais fácil ficar sozinho. Porque, e se você descobrir que precisa de amor? E depois você não o tem. E se você gostar? E depender dele? E se você modelar a sua vida em torno dele? E então… Ele acaba. Você consegue sobreviver a essa dor? Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é… A morte termina. Isso… Pode continuar para sempre.”

Greys Anatomy

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

“Que eu saiba puxar lá do fundo do baú um jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica, nem contado em reais. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja, ou do mal que tenha feito pra mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesmo seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a paz e o desejo de viver.”

terça-feira, 17 de maio de 2016

A gente entende que saudade, além de não se traduzir, também não se cobra. Que presença e importância não se impõe.
Para não sofrer eu vou me drogar de outros, eu vou me entupir de elogios, eu vou cheirar outras intenções. Vou encher minha cara de máscaras para não ser meu lado romântico que tanto precisa de um espaço para existir ridiculamente. Não vou permitir ser ridícula, nem uma lágrima sequer, nem um segundo de olhar perdido no horizonte, nem uma nota triste no meu ouvido. Eu sei o quanto vai ser cansativo correr da dor, o quanto vai ser falso ignorar ela sentada no meu peito. Mas vou correr até minha última esquina. Vou burlar cada desesperada súplica do meu coração para que eu pare e sofra um pouquinho, um pouquinho que seja para passar. Suor frio da corrida, sempre com sorriso duro no rosto e o medo de não ser nada daquilo que você me fez sentir que eu era. Muita maquiagem para esconder os buracos de solidão. Muita roupa bonita para esconder a falta de leveza e de certeza do meu caminho.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Estou há duas horas numa festa "que talvez você dê uma passada". Pessoas falam comigo e eu concordo com um sorriso sem tônus, procurando sentido em dentes como se eu fosse de outro país.
Decido ir embora. Estou cansada, estou com meu batimento cardíaco descompassado e bruto chicoteando a jugular. Meus olhos brilham tanto que o brilho escorre e escurece um pouco as olheiras. Você me deixa com cores menos humanas.
Pago a conta, pego a bolsa e suspiro: talvez você dê uma passada. Olhar pra porta é como buscar um fiapo de proteína num planeta com pavês de chocolate.
Decido que eu não preferia antes de te conhecer. Qualquer tormento é melhor do que bocejar. Bolas de calcanhares entediados presas a um pé de ferro.
Só mais um pouco. Mais uns minutos. O táxi está na esquina. Você está na porta. Não fico feliz. Não quero te ver. Não gosto de você. Me lanço para os seus braços. Te conto que estou ossuda e seca de tanto sugar meus pensamentos. Você salgou minha carne, me deu sabor e agora fico me chupando até não sobrar nada. Mas sempre sobra.
Você então começa a me rodopiar. Não pense e só dance, você diz. Acho impossível que duas pessoas que se conhecem há pouco tempo e nunca frequentaram um desses cursos de dança se encaixem tão bem. Mas isso é racional e não explica nada sobre o nosso abraço.
A gente se encaixa muito bem. Um na caixa do outro e a gente tentando parecer grande pra não asfixiar o comecinho do amor. O maior carinho do mundo é se alargar pro outro poder esticar as pernas.
Fico com a sensação de que sua orelha é do tamanho exato da metade da pele atrás do meu joelho. Que a palma da minha mão tem o tamanho exato da parte da sua nuca que vi quando você vai embora. Que seu pé inteiro esquenta ou esfria minha batata da perna inteira.
Fico com a sensação que se eu desmaiar, você pode apenas me somar a seu corpo e seguir vivendo por mim. Eu não queria acabar agora, então, por favor, me termine pra mim.
Fico com a sensação que se eu me lançar dramaticamente pra trás, com meus cabelos estapeando qualquer coisa esquecida, automaticamente brotarão mãos másculas da minha lombar. Suas mãos brotam da minha lombar. Não sinto você me segurando pela cintura. Nem sinto minha cintura segura pelas suas mãos. Sinto que suas mãos brotam de dentro da minha cintura.
E então os pés que te trouxeram (e que sempre te levam tão rápido) agora retiram magicamente minha cabeça da dança e substituem minhas ordens. Ser dirigida pelo seu chão é como ser libertada de uma jaula gigante e esmagadora.
E eu consigo gostar de você apenas com as minhas células e elas, porque não choram e nem sonham, se chacoalham quentes enquanto ignoram uma cabeça rolando pra longe. Quanta coisa linda a gente não nega pra sobreviver num mundo de robôs.
De repente abro os olhos. A cabeça desperta aos poucos, apenas pra dar sentenças claras aos atropelos do peito. Eu penso que isso é gostar tanto de você. Penso que pra caber no diâmetro pequeno entre o ombro que você beija e o ombro que eu mesma toco, te laçando, tem que derramar um pouco.
Eu sei que esse amor é um bebê recém nascido que, por medo e vergonha, já expeli mas seguro entre as pernas. Já tem unhas, mas depois os olhos mudam de cor. Não posso te oferecer, pelada e arregaçada, uma vida tão pequena e à base de líquidos, mas queria que você soubesse a batalha sangrenta que é não sobrecarregar as delicadezas de fora com a violência de dentro. 
tati bernardi
Tati Bernardi é escritora, redatora, roteirista de cinema e televisão e tem quatro livros publicados.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Desde que eu te conheci sempre admirei uma determinada característica: fazer sempre o que tem vontade! E vai alem, você geralmente faz do seu melhor modo, com determinação. Por outro lado isso realça claramente o que você não quer, não pode e não lhe interessa. Isso me fez e faz pensar em vários pontos da sua vida e imaginar as consequências que pode acarretar. Um desses pontos, o nosso relacionamento. Queria saber descrever como você me encanta. Sao nove meses de parceria e confesso que é delicioso receber seus abraços surpresas e tão sinceros, seus carinhos, adoro quando você chega e se aproxima devagar cheirando meu cabelo ou o pescoço, quando você me chama de "thay", se preocupa com pequenos detalhes que eu me esqueço como, por exemplo, a minha alimentação, ou ouve calado as minhas besteiras e reclamações mesmo fingindo achar interessante e quando ri dos meus argumentos mais tolos de convencimento. Isso tudo me impressiona porque mais uma vez você só FAZ o que tem vontade.

Mas aí vem o contraste, a parte que eu não tenho acesso e que talvez seja a parte que me motiva a causar toda essa angustia. Em alguns momentos você fica inacessível, mesmo estando por perto. Você mergulha em seus pensamentos e rotina que eu acabo ficando confusa em que espaço eu devo ocupar. Eu ligo? Deixo rolar, dou espaço, o que eu faço?
Acho que a minha reflexão esta nessas palavras, ocupar, apropriar-se. Qual é exatamente o lugar que pertenço? É um relacionamento temporário porque você sempre deixou claro que a qualquer momento vai embora? Sou sua melhor amiga/companhia na cidade? Sou só a sua ficante? E depois como vai ser? Eu estou nos seus planos futuros? Se não, o que deve ter dado errado? Tempo, lugar, prioridades, duvidas....

 Fico confusa sobre esse papel porque vejo que há diferença nas noites que estamos no máximo da intimidade física e numa outra mal damos um beijo no rosto, não conversamos. Em um momento você conversa sobre seus medos, desejos e saudades e num outro se apega ao silencio como forma de se proteger, de não me preocupar, não confiar talvez, não ser relevante. Em alguns momentos eu me sinto A garota do Thiago e em outros eu sou a amiguinha para família/amigos. Vou confessar pela primeira vez que sempre tive problema com essa significação do relacionamento. A definição de namorada sempre me causou arrepios. Justamente pela responsabilidade de sustentar o titulo e a posição que poderia me colocar ali. Tive esse problema com meu ex falido relacionamento, eu não tive um lugar e nem titulo, mas me comportava como tal e com obvia má escolha acabei pagando caro por muita coisa. Foi um pesadelo. No nosso caso eu continuo não tendo titulo, mas tenho um pouco mais de lugar, mas não tenho nenhuma certeza se tudo isso faz parte das coisas que você tem VONTADE.
Eu queria compartilhar isso com você porque já ignorei por muito tempo. Preciso entender o que se passa aí com você para também administrar o que sinto aqui. Não posso fazer planos de um final de semana agarrada-no-Thi e ficar chateada se você já tinha definido o seu fim de semana com a minha total ausência. Não posso esperar atenção especial se suas prioridades e responsabilidades são outras. Não posso admitir pra ninguém que estou solteira e muito menos que namoro. Eu adoraria que você pensasse sobre esse assunto e conversasse comigo quando estiver com cabeça e vontade. Sinceramente estou preparada para tudo.

Beijos ❤️

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

“E foi tão bom constatar que não me atinge mais. Não me entristece, não me aborrece, não me tira o sono. Passa por mim. Mas, não me atravessa. Foi-se o tempo. E foi-se o tempo faz tempo.”

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Eu não preciso controlar a vida, meus hormônios, meu futuro, os outros, minha felicidade. Eu só preciso levar a vida, eu só preciso desfocar do sonho que me deixa míope e enxergar além, ou melhor: enxergar o que está na minha cara. Ver o quanto o resto todo já é perfeito e está lá, eu já conquistei, é meu. Antes de dormir rezei, mas dessa vez não pedi o moço de cavalo branco (carro do ano) e da espada gigante (vocês entenderam), apenas agradeci por estar me sentindo tão inteira, feliz, em paz e, principalmente, por não precisar de ninguém ao meu lado para estar bem.
''Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz...'
"O que vai acontecer, acontecerá. Sossega, barquinho na correnteza, Deus dará."

Você precisa cuidar bem do seu barco, senão como vai navegar por aí ? "
Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e… quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo.
Tati Bernardi

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

“Mas a lição que eu aprendi é que não vale a pena consertar um carro pela décima vez. É mais fácil comprar um novo e fim de papo. Afinal, eu bem que tentei consertar meu relacionamento com algumas pessoas e só ganhei mais e mais poses e menos e menos verdades. Ainda que doa deixar pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado.”

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

“O difícil é quando ele é o cara errado pra você, mas você é a mulher certa pra ele. Aí fode tudo. Errado com errado acaba em putaria, certo com certo acaba em casamento, mas errado com certo acaba em eu deitada na cama chorando em cima do travesseiro. Acaba comigo.”

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Você me trouxe até aqui pessoa em carne em viva, exposta, maluca, ridícula, errada, neurótica, obsessiva, sempre entregue numa bandeja de ouro para os raros pensamentos elaborados e carinhos honestos do mundo, ainda que muitos desses meramente teatrais..., mas depois de 10 anos de terapia e muito cansaço do riso alheio eu preciso deixar você ir embora e virar uma daquelas adultas que saem pela rua com pele calejada e não com o fígado à mostra. Que difícil. Estou na fase mais difícil da minha vida. Não sei não ser uma idiota e amo a idiota ainda mais do que toda a dor que ela me causa. Mas não dá mais pra sentir a vida com cinco anos de idade. E esperar que o mundo tenha carinho com isso como se o mundo não estivesse ocupado com seus cinco anos de idade também. É lindo ser idiota. É a única coisa que me levanta da cama de manhã. Mas já machuca há mais de vinte anos e simplesmente não dá mais. Tudo começou a dar defeito e a me pedir proteção. Eu escuto meus órgãos e meu cérebro e meu coração me pedindo "chega". Preciso deixar você ir...mas até pra deixar você ir, me exponho ao ridículo novamente. Como é difícil.