sexta-feira, 29 de junho de 2007

Despedida

Faltam pouquíssimos dias para me mudar para o RJ. É uma sensação estranha pois tudo isso parece ser mais uma viagem de férias, mais um lugar que irei conhecer e guardar boas lembranças. Mas quando páro pra pensar, vejo que não é só isso. Sei que a partir do momendo que eu sair daquela rodoviária estarei deixando uma história pra trás. Nela há coisas boas e ruins e tudo vai ficar guardadinho num lugar especial que eu terei acesso sempre que achar necessário podendo lembrar de tudo com toda nostalgia que tenho direito.
Nos últimos dias, quando tive a confirmação financeira dos meus pais que, enfim, iriam bancar a minha mudança pra lá, já surgia inúmeros pensamentos. Algumas pessoas nem sabem que eu fiz um outro vestibular além da Ufes muitos menos que tive a capacidade de passar nele. E é engraçado pois sempre aparece algum conhecido/amigo que se espanta com a notícia, se recupera da surpresa, dá os "parabéns" e em seguida pergunta como estou me sentindo com toda essa futura "mudança" de minha vida. No começo perdia alguns segundos pensando em qual seria a melhor resposta, dependendo da pessoa, do seu interesse e do meu humor dava aquela resposta prática e rápida: "Legal, vai ser uma experiência interessante!" oudava a mais detalhada, melodramática e chata que eu pretendo explicar a seguir.
Querem saber mesmo o que realmente eu acho disso HOJE? Maravilhoso! Só o fato de está há tanto tempo em férias completamente a toa em minha pacata cidade natal já é um grande motivo pra eu sair daqui correndo comemorando, mas o que me impulsiona a ir pra lá feliz da vida é a oportunidade de mudança, de conhecer um "novo" no "velho", novas pessoas, novos pontos de vista, novos lugares, etc etc. Ok, tudo parece ser romântico e lindo demais em minha cabeça. Posso até imaginar algumas pessoas rindo dessa minha idealização que teve grande contribuição da internet, dos livros de geografia, literatura brasileira e claro, da Rede Globo nos últimos 19 anos de minha vida. Haha. Calma, não tenha tanta certeza dessa minha estupidez. Pode parecer pouco, mas nesses últimos meses tive tempo suficiente pra pensar: Será que vou? Será que dá? Não vou me arrepender? Eu não tinha percebido, mas inconscientemente já tinha as respostas para essas perguntas desde o momento em que me inscrevi no concurso. Esse tipo de determinação que tenho às vezes me assusta, pois pode até atrapalhar e machucar algumas pessoas, mas dificilmente desisto, no máximo deixo pra depois...
Algumas pessoas insistem nas perguntas: "E a família? e o amor? e os amigos? e suas coisas? e suas raízes?" Delicadamente tento responder: "E daí?"
A cara de horror que algumas pessoas fazem ao lerem isso deve ser a mesma em que a Nathália, amiga do 1º ano do Camões, fazia quando eu respondia de forma fria, seca e direta suas perguntas íntimas e sentimentais. O que me rendeu o título de "coração gelado" que eu custo em aceitar até hoje. Haha. Quanto a isso eu não explico pois não tenho o quê explicar. As pessoas que tenho um carinho especial sabem o quanto as amo e considero.
O foda é tentar explicar os motivos das decisões, o que sei é que em bons e maus momentos dessa minha vida o que consegui extrair foram experiências. Uma coisa que eu adoro e não abro mão é aprender com meus erros e acertos. Então, ainda desviei do meu caminho.
Lembro de uma vez em que eu e uma amiga querida, que hoje vive em Rondônia, entre uma troca de roupa de Barbie e um copo de Nescal comentávamos o que faríamos nos próximos anos. Na época eu estava prestes a entrar na 5ª série e ali, naquele momento, sonhava em entrar numa popular escola de Vitória, depois pensava em fazer o ensino médio em outra tão legal quanto a anterior. Bobinho o pensamento, mas no fundo eu queria dizer que queria mudar. Simplesmente queria sair da cidadezinha pacata e conhecer um pouco do mundo. Ainda não pensava em vestibular pois nem sabia o que era isso. No entanto, posso lembrar nitidamente da minha decepção amorosa no 2º ano do ensino médio que me fez pensar seriamente no assunto de me preocupar com meu futuro e, se possível poupar meus pais com os meus estudos futuramente. Aí veio a necessidade e a vontade de correr atrás. Não fui muito dedicada e justa, mas enfim parece que deu certo. =)
A forma que sai dessa cidadezinha de 12 mil habitantes passando por outras tão populosas e a empolgação de estar prestes a chegar noutra tão assustadoramente grande e interessante, pra mim é fantástica e um grande desafio!
Digamos que minhas ideias e planos não param por aí. =X.
É esse tipo de desafio que me fascina e que às vezes tem tudo pra ser tão irresponsável e egoísta. Pode parecer bobo demais para as pessoas que estão de fora, apenas assistindo, algumas delas até se "preocupam" comigo e vêem com várias formas baratas, seguras, rápidas de chegar ao mesmo objetivo, mas eu prefiro acreditar em meu instinto de está fazendo o certo.
Às vezes eu tento procurar o(s) culpado(s) de tudo isso, talvez seriam meus pais por se esforçarem tanto para me dá o melhor, ou até mesmo minha professora Florisbela que na 4º série fazia questão de mostrar aos seus alunos de escola pública que há coisas boas e ruins lá fora e você precisa escolher, se esforçar, até mesmo se foder para consegui-las; ou alguns dos meus professores comunistas do cursinho que entre um pedido de silêncio e outro tentavam mostrar exatamente aquilo que a minha professora da quarta série queriamostrar: Um modo em que a sociedade juga correto e justo de chegar até "a felicidade". Seja lá qual for a idéia que você tenha sobre a palavra "Felicidade" que pra mim é tão subjetiva.
O fato é que realmente eu vou sentir muita saudades desse lugar e das pessoas, mesmo com todos os seus defeitos e todos os seus problemas. Sinceramente não penso em voltar por vontade própria. Não vou sair por aí me despedindo dramaticamente de cada um e me esforçarei o máximo para não derrubar nenhuma lágrima, assim como não vou chegar na outra cidade fazendo uma festa comemorando a nova fase. Pra mim a tal mudança vai ser apenas de ambiente, vai contribuir em muitos aspectos de minha vida e pô, tô muito feliz com isso. Farei o possível e até o impossível (e isso inclui caronas com desconhecidos haha) pra voltar sempre que puder pra dá aquele abraço gostoso nas pessoas que sinto falta. =)
Agora vamos lá.. torçam para que eu não volte ainda mais chata analisando tudo e todos, bêbada, com roupas vulgares e fazendo todo mundo descer até o chão ao som de algum funk! =D
Eu tô bem minha gente, obrigada e torçam para que tudo dê certo. Vou fazer a minha parte.