Escolhas (adaptado)

Escolha ser moleca, escolha caminhar sem se prevenir, olhar para o mundo sem se preocupar, correr sem olhar para trás, usar decote em dia frio, andar descalça na areia molhada e rir tanto, mas tanto, que faz doer a boca e dá falta de ar. Escolha fazer psicologia por influencia sentimental, se apaixonar por ela e descobrir que ali está uma grande chance de faze-la entender-se e melhorar algumas coisas. Escolha cantar bem alto no sábado de manhã, gritar no travesseiro, comer sorvete tão rápido que chega a dar dor de cabeça. Ir sozinha no cinema, desenhar corações no caderno, olhar para os homens com ar de ingenuidade e ri disso, sentir saudade de um cara que está a quilômetro longe, mas senti-lo tão perto em seu coração. Escolha ser carinhosa e bruta ao mesmo tempo, correr de salto alto, borrar a maquiagem, lamber os dedos depois de comer pipoca com leite condensado, escrever bilhetinhos de amor, chorar calada no quarto sentindo a falta dele, viajar sem falar com a mãe, rasgar fotos de ex-namorados, tirar fotos transbordando felicidade com o namorado novo. Escolha dançar sem música, colar na prova por simplesmente não ter cabeça para estudar no dia anterior, abrir o olho enquanto está beijando, abraçar com vontade, sentir saudade quando menos se espera roubar doce na padaria, bater a porta quando está zangada, escolha infinitas festas em casa de desconhecidos, falar diariamente de sexo com as amigas, escolha uma república feminina, cuidadosamente um bar, escolha viver com cervejas baratas, escolha cair de sono em aulas e seminários, escolha começar o fim de semana dois dias antes, escolha aumentar seu nível de tolerância ao álcool, deitar na grama, pegar chuva despreocupada, sorrir com bala presa no dente, escolha tentar tocar violão, pular para entrar na calça jeans, quebrar a unha e lamentar por isso. Escolha ficar bêbada e não se lembrar no dia seguinte, viajar para lugares paradisíacos com o namorado e ter sensações incríveis, pagar inúmeros micos na frente de dezenas de pessoas, escolha falar de filosofia no bar, indignar-se ao ver um mendigo, escolha estar feliz e triste num mesmo lugar, procurar emprego, querer morar sozinha. Escolha conversar com desconhecidos no elevador, trocar telefone, planejar noitadas baratas, escolha ligar pedindo dinheiro aos pais. Se preocupar diariamente com dívidas que você não faz idéia de como irá pagar, andar de mãos dadas pela rua, sentir vontade de comer morango às quatro da manhã, pensar no futuro e lembrar do carpie diem, escolha chorar sem ter porquê, dizer eu te amo, ouvir eu te amo, dormir abraçados. Viajar para as montanhas, bater queixo de frio, tomar chocolate quente, passar horas e horas fofocando com as amigas na internet ou pelo telefone, escolha agüentar a saudade dos pais e do abraço quente deles, escolha amar todos os tipos de cerveja gelada, escolha ouvir música romântica e chorar, querer ele por perto sempre, escolha rir tanto, mas tanto, com suas amigas que chega a doer a boca e dá falta de ar. Escolha ser universitária, escolha a melhor fase da sua vida, escolha viver tão intensamente que o tempo se transforma em um mero detalhe.