terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quarta-feira, 12 de Agosto de 2009

Queria te abraçar agora e despejar minhas dores convertidas em lágrimas e murmúrios não contidos.
Acho sempre que um dia ainda vou encontrar abrigo em alguém. Nada parcial, nada temporário.
Sei que minhas frases impulsivas te assustam, e que meus modos inconstantes te afastam. Não consigo me regrar, me moldar para servir em algo ou alguém.
E não, eu não quero morrer. Tenho muita vontade de vivenciar essas distrações que inventaram pra ocuparem a gente enquanto vivemos. As drogas, os exercícios
físicos, as músicas, os livros, a televisão, os sapatos, os perfumes, a dança, os sabores e tudo aquilo que a gente nunca vai descobrir por completo.
Mas eu tenho pressa, tenho ânsia de pisar no chão e me jogar na vida. Que meu tempo seja curto, mas que seja suficiente e tão intenso quanto o que queima dentro de mim.
Eu esperava que as coisas que eu conhecesse fossem preenchendo as lacunas que haviam em mim, mas quanto mais eu conheço, mais lacunas se abrem.
E então as coisas não são mais bonitas ou confortáveis. Tudo passa a ser mais detalhado, mais visto de perto. Me vejo tão de perto que me assusto.
Quando alguém conhece sua dimensão é sempre assustador, e sei que ainda tenho muito mais pra ser.
Não tenho paciência de esperar que amanhã melhore. Se hoje não está bom, então amanhã não vai estar, e eu quero que esteja logo.
Todas essas indas e vindas, estas guerras e mortes, estes nascimentos, as overdoses e a fome, e eu aqui, me martirizando com a minha dor que é pequena
quando posta ao lado das dores do mundo. É que tenho necessidade de me pensar, de ser singular pelo menos aqui dentro de mim, já que lá
fora sou só mais uma.
Que facada no peito é essa vida, não?! Eu aqui te escrevendo tudo o que eu não saberia dizer por voz, e tentando imaginar a tua cara. Imagino que você
pense que eu deva crescer, e que a minha própria dimensão não chegou nem a metade. Pode imaginar, não estou tentando me explicar. Estou tentando
desabafar com as palavras pra poder acordar mais leve amanhã.
Não existe nada exato pra te dizer. Tenho asas, pés que se dividem entre o pisar e o voar.
Vai sempre faltar alguma coisa, nunca estarei concluída. Eu espero, as coisas brecam, o tempo corre, a minha ordem é uma desordem.
É este meu hábito de contradizer que me faz propositalmente avessa.


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