Ela parou de amar porque você mandou.
Você não notou, mas sua companhia atendeu seu apelo.
Em algum momento, você cansou de receber amor. Em algum momento, você esnobou o amor.
Em algum momento, você se incomodou de ser amado e disse: "não fique em cima", "me dê espaço", "me deixe respirar", "preciso de liberdade".
Você delimitou um teto, demarcou um ponto de amar: mais que isso me incomoda.
Colocou uma régua na boca. Uma fita métrica no lugar das sobrancelhas.
Pôs uma placa de não avance, censurou a ternura.
E o outro lado começou a se reprimir, a se tolher, a esconder o amor até desaparecer, até perder a graça. O outro lado não pretendeu ser chato, incômodo, invasivo. E não estendeu mais as mãos como antes, e não abraçou como antes, e não beijou com a sinceridade de antes, não comentou seu dia como antes. E se apagou progressivamente. Afastou-se como um rio que pede carona para a neblina. Afastou-se pois você pediu para ser amado menos.
Para o amor permanecer, ama-se sem parar. Ama-se sem se preocupar com a quantidade.
É parar o amor que ele some. É estacionar o amor que ele não volta a andar.
Quem não aceita amor acaba desamado. Acaba levando o fora.
(Fabrício Carpinejar)
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
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